Um clamor passou pela campanha e houve roçar de ossos e ranger de dentes, a prostituta mordia os nós das mãos e Babalith professava:
"Atentai, que o objecto material do vosso temor sou eu, mas o objecto intencional temido pelas vossas mentes é o leão que eu monto. Eu não tenho um leão e um leão eu monto. O limite do poder é o seu uso."
"E se temeis um leão que não está perante vós, que relação haverá entre o medo e o leão? Porque o medo é o leão e é vosso para galopar."
"Assim existis vós no pleroma que dirigis, mas a nada do que é dirigido vos assemelhais, e o limite do ser é o ser, tudo o resto não o tem."
"Agora, é o ser que significando sobre as águas segura as rédeas que comandam os espíritos de todas as coisas, é através destes espíritos que podereis voltar à linguagem. Então abandonareis a causa e abraçareis a razão, deixarás de parte a predição e praticarás o diálogo, pois tudo o resto é uma profanação do nosso espaço sagrado."
"Sabei que, se há diálogo, há animismo, ali aquele conjunto de tintas se apresenta como um santo numa tela, ali aquele tecido orgânico se apresenta pelo nome de cadeira e te pede que te sentes. Se não pudessem as tintas ser outra coisa, ou a cadeira te não revelasse uma função ou falta dela, não seria nada, o mundo é acção e a linguagem o seu negativo, e o limite do mundo é o seu uso e o seu uso é a expressão do ser em relação com o ser. De novo a arca do espaço e do tempo se revela, e a segunda alegoria para a sua chave, pois o espaço surge da extinção da distância. Mas se por um momento tu cais no mundo, e se lhe pertences, abrindo aquele abismo por onde escapa a sombra viva da distância, o reino-para-sempre-esplêndido te será vedado. Assim, é este leão que monto chamado medo para aqueles à vossa semelhança, e esplendor por outros."