sábado, 11 de setembro de 2010

IV. Harmonia das Quatro Vozes




Passemos pois às normas para a harmonia a quatro vozes. Uma a do Leão, outra a do Anjo, uma a do Touro e outra a da Serpente. A do Leão, como a do Anjo, é voz superior, a da Serpente, como do Touro, a outra. A insistência numa só delas provoca um efeito forçado e anormal. Na distribuição das notas pelas quatro vozes resulta um maior equilíbrio se existem intervalos mais breves entre as vozes superiores, não ultrapassando as oito notas.

Exemplo :

"O rugido do deserto (leão) bebe o coração do peregrino (anjo). Este, exausto, enterra-se na luz granulada (leão). Nascem rosas ali, onde o sangue da sua alma cadente suporta a areia (anjo). Depois, a ventania cessa o silêncio das vozes múltiplas (serpente), e constroi, estático, o corpo da morte (touro): uma coluna de fogo (leão), o rodopio luxurioso dos defuntos revoltosos (anjo): nada, mas as cearas (touro)."

Importa conseguir uma consistência vertical, para tal, é possível a supressão da 5ª (ficando subentendida) mas nunca da 3ª (que não deve estar nas vozes superiores), e verificar a existência de 3 fundamentais. Assim:


"A criança, gasta, lança dúvidas ao astro."

Na esfera musical, o astro é a fundamental, as dúvidas a 5ª e a criança a 3ª. Mas a criança é sempre leão. Vamos alterar a sentença de forma a obedecer aos nossos requisitos.

"O camponês, restaurado, sente o corpo percorrer campo, astro e fado."

Ou, sem a 5ª, "O camponês, restaurado, é campo, astro e fado."

A verticalidade denota-se não na sensação da altura ou da vertigem, mas no sentimento unitivo. É necessário ainda duplicar uma das notas. No ponto de repouso fica bem duplicar uma das fundamentais, neste caso, poderíamos usar um amplificador para o astro.

"O camponês, restaurado, sente o astro pelo campo, céu e fado."

Horned Wolf

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