quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

2042.5


Babalith moveu-se com a prostituta para um vilarejo onde se ajuntavam mulheres mal tratadas pela ausência. Montou uma pira de fogo, sentaram-se, receberam as turbas e assim explanavam. 

"O ouro alquímico existe. Pode ser que se concorde que esta afirmação é falsa. Mas se disser: este ouro alquímico existe, 'este', tem de indicar qualquer coisa. Assim vive tu, mulher, e esse ouro existe, ensina e ele preservará. Olha que há uma lógica da intenção, e ela confluirá, subsistindo, para aquele mar que é a intenção da lógica." 

"Mas, se quiserdes que, além de existente, o ouro alquímico seja real, deverás afirmar 'este não-ouro é verdadeiro em que este ouro é falso. Ainda: Ouro, ou não-ouro. Então, ouro é sempre. Mas chegaste tu à arca do tempo e do espaço. Esta doutrina será inabalável, enquanto te resta tecer o actual. Aqui jaz a arte de demonstrar e todos os que subirem essa escada que é a estrutura da linguagem, ao avistar o astro, devem atirar a escada por terra ou cair com ela. O limite da palavra é o seu uso."

"Escuta isto: uma forma de vida habita a linguagem e nela gera uma pluralidade da sua própria forma e da sua própria vida, ela não brota da línguagem."

"Mas, enfim, um fim a isto. Quereis saber como criar o vosso futuro, e não o mundo, a imortalidade. Primeiro, tendes de esquecer a razão dos vossos eventos, para que mais tarde a possas reconhecer. No seu lugar, examinai a causa. E assim abandona temporariamente a decisão e abraça a predição. Mas um mistério ficará ainda para além de causa e calculo, a de se ser humano, e este é o ponto em que todas as linhas se encontram."

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