terça-feira, 18 de maio de 2010

2.


The Sleeping Woman, Babalith


Partindo dali e caminhando três dias, afastara-se do pântano e rompera o matagal dos bosques do encanto, e o seu encanto era trinta cúpulas de som, e ali se faziam saber ao raro viajante monitores de cristal com vídeofónicas gravações em que participam todos os ilustres personagens da história do Homem, ruas lamacentas, teatros de marionetas mecânicas com os episódios irrelevantes da história e um Galo de Barcelos de latão que canta do topo do traseiro de uma velha ramificada ao solo. Estes horrores modernos já a mulher os conhece por haver avistado nos plácares das suas móveis habitações. Havia alguma coisa de diferente, todavia, em viver o momento, e Babalith sabia-o, quando no crepúsculo invariável se acenderam sem porquê cores mil de electrónicas lâmpadas, e uma mulher gritou “oh!” delicadamente, com a fragilidade das vidas fornicáveis. Babalith, sem hesitar, avançou, curiosa, porque o tempo a passar solitário a reservara às manhas da curiosidade, e encontrou um holograma de Marilyn Monroe, a procurar sementes largadas e que depois houvessem sido pisadas pelas raízes bem delineadas pelas árvores apresentadas. E Monroe disse a Babalith:
- “Não me é desconhecido o teu semblante, e passaste por aqui trazendo chamas e Deus nas mãos de mulher, voltas a mim com nada e uma coroa de cinzas. Por conseguinte, transformada.
Disse-lhe Babalith:
- “Levarei estas cinzas ao alto das torres sacrificiais e ao repasto de corvos.
Monroe respondeu:
- “Sim. Reconheço-te. O teu olhar apagou-se e os teus pés dançam os passos tomados. Não temes o castigo dos vivos? Envelheceste, caminhas mas sonhando no sono, porquê aproximares-te daqueles que há muito despertaram? Morrias numa multidão de silêncios que te conduzia, infeliz de ti que procuras os pináculos e à apatia dos ruídos retornas.
Babalith:
- “Guardo rancor à Mulher. Vim para lhe roubar algo.
- “Também eu A amei demasiado. Agora amo o Homem. A Mulher não é demasiado perfeita? Larga-a, pois vai-te matar. E nada lhe roubes, antes dá-lhe, e ficarás na posse dela – Ripostou Monroe. E continuo. – “Não, deixa as mulheres, mais vale ficar junto das máquinas, junto dos homens. Deixa-as. Desconfiam de todas as nómadas, como de quem carrega ainda essa antiguidade que é o peso da vida.”
- “E como te ocupas junto das máquinas?” – Colocou Babalith.
- “Evito a mulher. Evito rir e chorar em simultâneo, ou mesmo em separado, ou o queixume ou outra manifestação ainda, que é o louvor – em simultâneo... ou mesmo em separado."

Após estas palavras, Babalith não pronunciou junto do holograma, outra, e fez-se prosseguir a caminhada em silêncio. Não sabiam as máquinas que morrera a Mulher, e que estava morta a sonhar? Babalith viera roubar-lhe o sonho.

Horned Wolf

3 comentários:

  1. O Zaratustra que se ponha a pau :P, Babalith vai matar a morte!

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  2. Também tenho algo para te dizer a ti.
    O suicidio não é solução. Muahaha.

    ^0^

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  3. Não deves procurar anular a morte. Nenhum ganho tira o espírito daí. O dever do homem enquanto demónio é viver através dela, intensifica-la, e intensificando-a, tornar-se numa chama de vida, viver em todas as formas.

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