quarta-feira, 26 de maio de 2010

3.


A Crown of Roots, Babalith


Pondo-se de um pulo, segurou o tornozelo de uma mulher que pisava a seu lado, e apercebendo-se desperta, aproveitou a rara companhia de uma sua semelhante. Foi por isso falar-lhe no seguinte modo:

“Alguns têm vindo a dizer, que eu gostaria que tudo permanecesse como atrás permaneceu, que gostaria que houvéssemos estacionado no inicio e não mais nos movêssemos. Eu sei, mulher, que tu não dormes, porque também não acordas. Nos teus olhos estão todos os pedaços parados desta cidade, com tudo o que não significam, porque te habituaste a ver, em toda ela, a mnemónica da vida: haveis feito das grandes fábricas as árvores da vida, longe da terra, da terra esquecidas e banidas pelos tempos de todos os tempos. Agora, pensa pois, que digo que tu e todas as mulheres, e todas as máquinas, esqueçam a escrita. Sublinho que esqueçam a escrita, e que se recordem de derramar, por suas causas, sangue humano ao invés do sangue vegetal, porque esta é a forma de que a terra se volte a recordar de vós e de que não estagne a evolução da espécie viva. Todas devem desaprender a ler. Sim, se possível, que permaneça nelas a sabedoria de escrever, mas se apague toda a habilidade de ler. Depois as cidades não serão prisões, mas eternas mães em que descansar os pés cansados.”

Horned Wolf

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